Nossa caminhada iniciou pela busca de uma espiritualidade que se mostrasse mais completa. Sentiamos que faltava algo. E encontramos a plenitude ao ouvir o chamado da Grande Mãe. A partir daí nos redecobrimos como Filhas da Deusa e Sacerdotisas do Amor.
Ao sentirmos a presença do Sagrado Feminino reconhecemos que o Universo foi gerado pelo Amor e a União do Sagrado Feminino e do Sagrado Masculino. Que o Amor é o Grande Milagre e o Grande Mistério. O segredo que foi temido, perseguido e condenado. E este segredo é o grande poder da mulher, por que somos nós as detentoras do dom de despertar o Amor.
E por sermos o canal para essa energia transformadora, fomos igualmente perseguidas.
Ao despertarmos o Amor também tornamos o Sexo Sagrado, e este ato Sublime de Amor que gera a Chama Gêmea foi deturpado para nos afastar do que talvez seja o maior de todos os Segredos. Ao redescobrirmos o Sagrado Feminino redescobrirmos que somos almas compaheiras, que ao nos unirmos em Amor com nossa alma gêmea a grande ascenção espiritual acontece e geramos uma energia de Amor tão intensa capaz de ascender o mundo.
Nossa caminhada para a conexão com o Sagrado Feminino e o Amor das almas gêmeas é algo que desejamos compartilhar com todos aqueles que sentem este despertar em suas almas.
Acreditemos na Sublime Força do Amor. Lembremos que quando deixamos de acreditar em algo, isso morre...

domingo, 2 de junho de 2013

A consciência de Gaia



   A consciência de Gaia é um movimento para a cura do planeta que se manifesta de várias formas, visando aumentas a responsabilidade humana pela preservação da Terra, cada vez mais ameaçada pela poluição e degradação ambientais, bem como pela cobiça, a exploração desenfreada e a violência. Ele surgiu aos poucos, de iniciativas individuais e grupais, depois que as fotografias da Terra vistas do espaço – aparecendo como um lindo globo azul, cercado de nuvens, de extrema beleza e vulnerabilidade – tocaram o coração de muitas pessoas.
   Em 1971, os cientistas James Lovelock e Lyn Margulis criaram a hipótese Gaia, que considera a Terra como uma estrutura complexa e viva, autorregulável, e que a interdependência de todas as formas de vida, junto com o solo, com os oceanos e a atmosfera, formam um único sistema vivo. A hipótese Gaia reconhece o planeta Terra como uma entidade inteligente do Universo e a nossa íntima relação com toda a criação por meio de uma energia sutil que liga todos os seres vivos. Reavivando o antigo conceito da “teia cósmica” e usando o nome da Mãe Terra grega – Gaia – como metáfora da teoria, a validação científica de uma verdade milenar catalisou a formação de uma nova mentalidade e de movimentos chamados “gaianismo”. A Consciência de Gaia é a solução necessária e adequada para contrabalançar os conceitos mecanicistas atuais, que dicotomizam o homem e a Natureza, a razão e a emoção, a matéria e o espírito e que destruíram a antiga reverência e o respeito do homem pelas energias naturais, antes vistas como a personificação da Fonte Divina.
    Outra manifestação e consequência desse despertar  foi a criação do ecofeminismo, que combina filosofia feminista com consciência ecológica, oferecendo uma perspectiva global ecocêntrica. O ecofeminismo é baseado na crença da unidade e interdependência de todas as formas de vida e busca formas mais humanistas, pacíficas e benéficas para a remodelação das estruturas políticas, sociais e individuais. Ele visa à integração de todos os níveis energéticos (tanto racional e material quanto psíquico e emocional) e a aceitação do divino como força vital imanente do mundo natural.
    Movimentos como o Gaianismo, a Consciência de Gaia e o Greenpeace, organizações para a preservação dos ecossistemas, a proposta de “O Milionésimo Círculo”, a organização Gather the Womem, as conferências e encontros internacionais de mulheres e fundações como a Women’s World Summit Foundation são exemplos de como a Deusa – Mãe e Mestra – nos convoca e pede nossa ajuda. Ainda existem outros incentivos, como as marchas das mulheres, as ligas, os grupos e as listas da internet, que convidam mulheres do mundo inteiro para projetos, publicações e eventos que beneficiem e fortaleçam as mulheres nas suas aspirações, necessidades e objetivos.
    A escritora e terapeuta Jean Shinoda Bolen expressou de forma tocante e precisa essa nova realidade global no título do seu mais recente livro, Urgent Message From Mother. Gather the Women , Save the World [Mensagem Urgente da Mãe, Reúnam as Mulheres, Salvem o Mundo] .
    O retorno à Deusa é o prenúncio do surgimento de uma nova consciência que vê a humanidade como parte do Todo, da Natureza e do cosmos, e aceita a sacralidade da vida e a imanência do divino. O mistério da Deusa é o mistério do nosso próprio ser, a força vital dinâmica, a dança da vida e dos ciclos naturais, a canção eterna da criação, destruição e regeneração. A Terra é viva, é a própria Deusa, que sustenta e nutre todos os seres e os abriga no seu corpo. Ao trilharmos o caminho da Deusa, iremos relembrar que não há separação, apenas unidade; a matéria é permeada pelo espírito e todos nós somos responsáveis por tudo o que é vivo.
    A escritora Elinor Gadon, em seu livro The Once and Future Goddess define a Deusa como: “a guardiã da fonte interior, da conexão e orientação espiritual, a divindade existente em todos nós, manifestada como a nossa consciência autêntica, o centro transpessoal chamado Eu Divino”.
    A Deusa é o símbolo da cura necessária para a nossa sobrevivência; da pacificação entre homens e mulheres, povos e nações; expansão da consciência que irá garantir a renovação social, política, cultural e espiritual da humanidade. Sem precisar voltar as estruturas e comportamentos pré-históricos, podemos usufruir a sabedoria antiga, dos cultos e rituais que honravam e celebravam a vida, a Terra, a sacralidade feminina. Precisamos apenas abrir nossa mente e coração para fazer bom uso das riquezas naturais e agradecer por tudo o que a vida e a Deusa nos oferecem para a nossa existência.

Círculos Sagrados para mulheres contemporâneas – Mirella Faur

domingo, 12 de maio de 2013

MARIA, O RETORNO DA DEUSA:


Muito embora, dela se tenha uma visão poética, seja em ícone, em pintura ou em hino, Maria faz reviver em suas figura, as antigas imagens do passado, em total contradição ao texto do Novo Testamento e as afirmações canônicas.

Maria é a Deusa Mãe não reconhecida pela tradição cristã.
Com exceção do primeiro capítulo da Evangelho de Lucas, onde é representada como a figura central do relato da anunciação, Maria raramente aparece nos Evangelhos. Quando o faz, seu papel é de subordinação total para com o filho. Um panteão de imagens a revestiu, no entanto, durante os 500 anos que se seguiram a sua "morte", de forma que chegou a assumir a presença e importância de todas as Deusas que a antecederam: Cibeles, Afrodite, Deméter, Astarte, Ísis, Hator, Inanna e Isthar. Como elas, é virgem e mãe; como muitas delas, dá à luz a uma criatura meio humana, meio divina, que morre para logo renascer. Tal como fizeram Atis, Adônis, Perséfone, Osíris, Tamuz e Dumuzi antes que ele, Jesus desce ao submundo dos infernos, onde sempre foi tido como lugar de regeneração. Se entende, ainda, que sua ascensão e ressurreição, como os de outras deidades, redimem a todo ser encarnado das limitações da mortalidade e do tempo.

O nome de Maria, provém do vocábulo latim "mare", que significa mar. Todas as Grandes Mães nascem do oceano primogênito ou dos abismos da água, o útero primordial da vida da qual emerge toda criatura. O mar era o ideograma de Nammu, a Deusa suméria; Ísis era "nascida de tudo-que-é-água"; Hator é "o abismo das águas do céu"; Nut, Deusa do Céu, deixa cair seu leite sob a forma de chuva; Afrodite nasce das espumas do mar. É possível que as coloridas sereias que estendem seus braços e deixam flutuar seus cabelos aos quatro ventos nas proas dos barcos sejam um remanescente popular desta referência.


A Maria é conhecida, as vezes, como a "rede" e a seu filho como "pescador divino".
Na Suméria, de modo idêntico, Dumuzi, filho-amante de Inanna, era apontado como "Senhor da Rede". Desse nome se faz eco a imagem de Cristo como "pescador dos homens". A concha marinha, consagrada a Afrodite, imagem pela qual os iniciados de Eleusis se reconheciam uns aos outros, se converteu na Idade Média no talismã dos peregrinos que caminhavam até o grande santuário de Santiago Compostela, no norte da Espanha.

Maria herdou de Ísis seu título "Stella Maris", "Estrela do Mar", que evoca, o celeste mar do firmamento noturno e o oceano terrestre. Também, como Ísis, se converteu na padroeira dos barcos e marinheiros, a salvadora de vidas em uma época em que se viajava à noite, tendo as estrelas como guias. Em Sicília, a imagem da Virgem substituiu o olho de Hórus, filho de ísis, que antigamente era pintado nas proas das barcas de pesca da região.



Maria se converteu para a alquimia, na estrela que guiava o peregrino que embarcava em águas desconhecidas do grande mar da alma.
A OUTRA FACE DE EVA



Na imagem acima (figura 1), observa-se que o rosto das mulheres são idênticos. Eva, nua, oferece a humanidade a maçã da morte, que tomou da serpente. Maria, vestida, oferece a maçã redentora da vida. Adão está deliberadamente oculto, enquanto a caveira sorridente entre as folhas da árvore, do lado de Eva, faz par com a morte que a espera à direita.

Do lado da árvore onde se encontra Maria, encontramos a cruz com o Cristo crucificado, fruto do seu ventre milagrosamente intacto.

Essa imagem, portanto, nos passa a idéia de que Maria é a outra face de Eva, ou seja, aparece como redentora do pecado de Eva. Ela deve ser perpetuamente virgem, livre da mancha de uma relação sexual com outro ser humano.

A leitura cristã literal da virgindade de Maria contrata totalmente com a antiga interpretação simbólica da virgindade da Deusa Mãe, a maravilha da natureza renovando-se perpetuamente a partir da fonte que é ela mesma. A virgindade de Maria não pode redimir a "caída" de Eva, unicamente exacerba a idéia que houve um pecado no princípio, e que há algo intrinsecamente mal na natureza humana que deve expiar-se.

Como ensina Warner:
"A Imaculada Concepção continua sendo um dogma que separa a virgem Maria, que permanece pura apesar da "caída" da raça humana...A Virgem, ícone ideal, afirma a inferioridade do destino humano. Concebida sem mancha, e situada muito acima dos homens e das mulheres,...acentua a sensação de pecaminosidade. Seus fiéis lhe atribuem um estado que eles nunca alcançarão. Sem dúvida, Maria é a outra face de Eva".

Alan Watts nos oferece uma compreensão mais rica do simbolismo de Maria:
"A Mãe Virgem é, em primeiro lugar, "Mater Virgo", matéria virgem ou terra sem arar; é a "prima matéria" antes de sua divisão em multiplicidade das coisas criadas, ou antes de ser arada. Como estrela do mar, "Stella Maris" (mare=Maria), fonte selada, "o ventre imaculado desta fonte divina" é também as águas sobre as que se movia o espírito divino no princípio dos tempos. Como "a mulher vestida do sol, com a lua embaixo de seus pés", é tudo como as outras mitologias representavam as Deusas da Lua, que brilha com a luz do sol e aparece na noite rodeada (coroada) de estrelas. Como o ventre em que nasce o Logos, é também o espaço; a convenção artística comum assim a refletia quando a viu com um mato azul, semeado de estrelas".



O MITO LUNAR E SOLAR

Como todas as Deusas Lunares, Maria é Virgem e Mãe. A trama de seu destino segue os ciclos de mudanças da lua, porém com uma diferença crucial. Dá à luz a seu filho embaixo da lua crescente, o cria embaixo da lua cheia, porém, não se casa com ele; chora a morte de seu filho durante três dias entre sua crucificação e sua ressurreição, esses três dias de escuridão, quando a lua desaparece e Jesus desce aos infernos, rastreando ou arando a dimensão do submundo para libertar a vida que se faz ali enterrada; segundo a simbologia lunar, para despertar a luz adormecida da iminente luz crescente.

O lamento de Maria por seu filho sacrificado se faz eco das anteriores Deusas por seus filhos e filhas sacrificados; as três Marias que rodeiam o drama da Paixão, recordam as três fases visíveis da Lua, a trindade das Deusas do destino. A sua volta, Maria Madalena saúda Jesus como "o jardineiro", a vida ressuscitada. Ela o ungiu com azeites preciosos antes de sua morte, como fizeram todas as sumas sacerdotisas das antigas Deusas com os filhos-amantes da Deusa.

Para a Igreja grega ortodoxa, Maria assume o papel de seu filho e entra, também, no reino da escuridão da lua. Isso sucede durante os três dias de seu "adormecimento", que precedem sua ascensão, pela qual se reúne com seu filho. Esse a coroa então, durante uma cerimônia que é como o rito do matrimônio sagrado da Lua Cheia, e que se conhece na doutrina cristã como a "coroação da Virgem". Esse rito "nupcial" da lua cheia está, pode-se dizer, deslocado, de forma que o ciclo se completa mais tarde, na região simbólica da vida eterna. Como se com ele se comemorasse este mistério lunar, na data da Páscoa que não são as mesmas cada ano, mas se adaptam ao curso de mudança da Lua Cheia em relação com o equinócio da primavera (HN).

Os simbolismos lunar e solar se refletem de forma intrigante no calendário cristão de maneira que se corresponde exatamente com sua história mitológica. Quando o que se celebra é um drama de transformação, o momento em que levam a cabo os rituais se ajusta ao curso da lua; por exemplo, a data da ressurreição de Cristo ao domingo que se segue a primeira lua cheia depois do equinócio de primavera (HN). Porém, quando o "acontecimento" pertence ao modelo heróico solar da conquista da escuridão por parte do princípio da luz, o calendário segue o curso do sol; por exemplo, o nascimento da criança "tem lugar" durante o solstício do inverno (HN) quando o sol volta a nascer a partir da escuridão do antigo ano.

Alan Watts, em sua obra "Myth and Ritual Christianity", uma leitura indispensável sobre o tema, aclara esse ponto:
"No ciclo do ano cristão o calendário solar rege os ritos da Encarnação, dado que esses se conectam com o nascimento solar e caem, portanto, em dias fixos. Os ritos de Expiação, de morte de Cristo, da Ressurreição e da Ascensão, por sua vez, se regem pelo calendário lunar, porque a lua crescente e minguante alberga uma figura de morte e ressurreição".

Segundo o padrão mitológico perene, o sol que nasce da mãe é o sol que nasce da lua que se alça desde as profundezas da escuridão e do renascimento do ano. A Cristo se dava o nome de "Sol da Justiça e "Luz do Mundo" e o número de seus apóstolos corresponde a cifra solar doze, que representa o itinerário solar através dos doze meses do ano. Com Jesus o número ascende à treze, como treze são os meses do ano lunar, conciliando-se assim o tempo solar com o lunar.
MARIA COMO RAINHA DO CÉU



A Bíblia não menciona a morte da Virgem Maria e não existe relatos contemporâneos de seu enterro nem arquivos sobre o paradeiro de seu sepulcro. A falta de provas nas sagradas escrituras desencadeou intensas especulações entre os fiéis e nos séculos IV e vários textos mencionaram as circunstâncias da morte de Maria. Ditos testemunhos eram heréticos. De todos os modos, alguns se converteram em base da tradição medieval da ascensão: a crença de que Maria subiu fisicamente ao céu.

Talvez a referência mais antiga a ascensão física é a da obra anônima "Obsequies of the Holy Virgin", escrita em siríaco (dialeto arameu que segue sendo a língua da Igreja cristã síria) entre começos do século III e meados do V. Esse texto descreve a discusão entre os santos Pablo, Juão, Pedro e André "à entrada do sepulcro de Maria". Jesus se apresenta em companhia do arcanjo Miguel para tomar uma decisão e ordena que o cadáver da virgem seja elevado ao céu. Levam o corpo "até a árvore da vida", habitual símbolo da Deusa, que se remonta à Suméria, onde se reúne com a alma de Maria.

Em outros realtos do século V sobre seus últimos dias na terra, Maria é ascendida ao céu por Jesus, os apóstolos, uma corte de anjos e os profetas Moisés, Henok e Elias.

A medida que a tradição da ascensão foi aceita, a divina identidade de Maria caiu irrevogavelmente confirmada. Igual à Ísis, Isthar e outras, se converteu na Rainha do Céu.

Em 754, o imperador Constantino V estipulou o culto obrigatório de Maria e proibiu a entrada ao céu de todo aquele "que não reconheça que a eterna e sagrada Virgem é sincera e justamente a mãe de Deus, superior a qualquer criatura visível ou invisível e que com sincera fé não busque sua interseção como alguém que confia em seu acesso à Deus". São Anselmo de Canterbury (1033-1109) descreveu a Maria com as mesmas palavras com as que havia definido a uma Deusa da natureza:
"Graças à ti, os elementos se renovam, os demônios são pisoteados, os homens se salvam e até os anjos caídos recuperam sua posição. Oh, mulher, tão cheia e transbordante de graça, de ti emana tanto que todas as criaturas recobram seu viço."

A imaculada concepção situou Maria acima da pecaminosa raça de Adão e a ascensão a libertou da lei da morte. Porém, como não existe provas bíblicas que justifiquem a pureza da virgem ou sua ascensão ao céu, durante séculos a Igreja não aprovou oficialmente essas doutrinas.

A imaculada concepção se converteu em artigo de fé em 1854 e a ascensão em 1950. Tais decisões papais se basearam no reconhecimento da intensa devoção que os católicos de todo o mundo manifestavam sobre a Virgem. A resolução de 1950 foi obra do papa Pio XII como conseqüência direta da petição firmada por oito milhões de pessoas.

Em 1954, a Igreja católica nomeou oficialmente a Maria "Rainha do Céu", justamente, muitos séculos depois que se houvera convertido em um dos títulos mais utilizados.
A DEUSA PERDIDA DA TERRA

Maria, ao longo dos séculos, passou de um papel secundário, como Mãe de Cristo, para tornar-se cada vez mais associada e vinculada com a Deusa Mãe neolítica da terra doadora de vida.

Aliás, não são poucos os autores que afirmam que o culto à Virgem Maria é uma continuidade da adoração das Deusas do paganismo, tal qual eram adoradas no Egito, na Grécia, na Babilônia e em Roma.

É o escritor Woodrow que nos diz:
"Um dos mais sobressalentes de como o paganismo babilônico tem continuado até nossos dias, pode ver-se na forma em que a Igreja inventou o culto à Maria, para substituir o antigo culto da Deusa".

A partir da Idade Média, Maria já havia assumido o papel de Deusa dos grãos, convertendo-se, como suas antecessoras, na responsável última de manter e nutrir a humanidade. Em uma bela ilustração do Milagre do grão, Maria aparece como Rainha da Terra, fonte do grão, da colheita e, em fim, da humanidade.

Uma lenda medieval relata como, durante a fuga para o Egito, a Virgem e o menino Jesus chegam a um campo em que um camponês está arando e semeando o grão. A Virgem e o menino lhe avisam de que se visse um grupo de soldados à busca da sagrada Família, e esses lhe perguntassem se havia visto passar uma mãe com um filho, deveria responder que os viu quando estava arando e semeando o campo. A Família abandona as terras e, de forma instantânea, o trigo recém semeado brota e cresce até chegar a sua altura máxima: dourado e maduro, já pronto para a colheita. Os soldados de Herodes aparecem e o camponês responde que sim, viu passar uma mãe e um filho "quando comecei a semear a semente".

Berger, comenta o seguinte:
"As obras de arte e os textos dos séculos XII e XIII que fazem referência ao Milagre do grão da Virgem são testemunho de uma transformação que já havia tido lugar. É impossível determinar as fases dessas transformações da protetora do grão na Virgem. Quando, no século XII, o relato emerge, se faz, entretanto, em vários lugares diferentes, manifestando-se na França, Irlanda, Gales e Suécia". Sua grande difusão sugere que antes de ser plasmado na arte e na literatura, o relato gozava de uma longa tradição oral".
MARIA COMO DEUSA DOS ANIMAIS



O boi e a mula, obsequiando-se sobre o berço do menino Jesus, são um elemento tão fundamental das representações da cena de Natal que nos surpreende recordar que não formam parte da narração original dos Evangelhos.

Simplesmente ao contemplar uma imagem típica da cena do nascimento, poderíamos ter a antiga Deusa dos animais diante de nossos olhos. A Deusa, em que foi sua imagem estilizada e abstrata, se coloca entre os animais, situados de forma simétrica um de cada lado. A entrada dos pastores com suas ovelhas é uma parte essencial a reunião de todos os animais em torno da Senhora no presépio, imagem da fertilidade da qual ela era protetora.

Campell propõe outro significado para a aparição do boi e da mula, ao assinalar que esses animais eram também que os simbolizavam as imagens antagônicas de Osíris e Seth, que, como faz referência o autor, havia sido instantaneamente reconhecido na época. Desta maneira se expressava o nascimento do menino Cristo, como união e superação dos contrários.

Podemos também contemplar em obras de arte, a Maria sentada sobre um trono de leões, o que a inclui dentro da tradição das Deusas cujo domínio sobre os poderes da natureza se expressa representando-as sobre um leão, de pé ou sentadas.
MARIA COMO DEUSA DO MORTE E DO SUBMUNDO

Em uma obra devota de uma época do século XVIII, Maria é descrita como "a sagrada Virgem que reina nas regiões infernais....a senhora soberana dos diabos". Parece bem estranho relacionar Maria com a morte e o mundo subterrâneo, mas é provável que isso tenha ocorrido, por ter-se perdido a unidade original da Grande Mãe que rege tanto a vida como a morte.

A figura da Nossa Senhora, clemente, indulgente, que intervêm como última esperança de salvação da condenação eterna, pode ser vista e lembrada em sua oração, rezada em todo o mundo pelos católicos, que se encerra com o pedido: "rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte". Dessa maneira, a Virgem volta a assumir os antigos títulos da Deusa suméria Ninhursag, conhecida como "aquela que dá vida aos mortos", e de Inanna, a quem se dava o nome de "a que perdoa os pecados".

Do ponto de vista teológico, Maria intervêm como Mãe compassiva. Sua intercessão com Cristo, o juiz, faz inclinar (metaforicamente) a balança da justiça, que as vezes, São Miguel sujeita, a favor do pecador. De maneira idêntica, no Egito, a pluma da Deusa Maat se coloca no prato da balança, e sobre o outro o coração da pessoa morta.
Piero della Francesca, Polyptych of the Misericordia, about 1460, tempera and oil on panel, 134 x 91 cm, Sansepolcro, Museo Civico
http://www.casasantapia.com/art/art/madonnadellamisericordia.htm
O quadro de Piero della Francesca, que aparece na figura acima, mostra o quanto Maria é onipresente e que é a ela que as almas se voltam para buscar clemência. Todos os relatos apocalípticos são testemunhos da crença de que podendo-se chegar até ela, o perdão estará assegurado, pois só Maria pode aceitar o ser humano na sua totalidade. Curiosamente, é na cena final da vida, que pode-se ter Maria como quase mais acessível que Jesus, enquanto os Evangelhos só dão a conhecer o drama e a figura desse último. A compaixão pelo sofrimentos dos pecadores pode comovê-la, enquanto que Jesus, o juiz justo, só representa a lei, independentemente do castigo.

A medida que o cristianismo foi se estendendo através dos séculos, a figura de Maria, a Mãe, trouxe para si o significado das amorosas esperanças de seu filho. A esse, em contrapartida, as vezes lhe atribuíam o papel surpreendente de Pai Insensível, quase como se estivesse afirmando-se um padrão arquetípico dos princípios masculino e feminino.
O MATRIMÔNIO SAGRADO

No cristianismo ortodoxo, em que Maria era uma mulher humana e Deus regia o céu com Grande Pai Supremo, a imagem do matrimônio sagrado entre Deus e Deusa não era possível. No entanto, o forte desejo de que se produzisse uma união entre os princípios masculinos e feminino se expressam em alguns textos gnósticos excluídos, na idéia que Jesus amou (e inclusive tomou como esposa) a mulher que carregava o receptáculo sagrado, Maria Madalena.

Através de uma simples leitura dos Evangelhos aceitos parece impensável que doze séculos mais tarde, apareceriam imagens de Jesus e Maria relacionando-se entre eles como um casal de noivos. No entanto, sem se conhecer a interpretação oficial que outra idéia podemos ter da pintura abaixo?


Matrimonio Sagrado

Detalle de La coronación de la Virgen, de Agnolo Gaddi (témpera sobre madera, 1370)


Nela, Maria aparece sentada ao lado de Jesus, não só como sua mãe, mas também como sua noiva. Nessa comovedora obra realizada por Agnolo Gaddi, as túnicas idênticas dos dois personagens se fundem em uma e, enquanto Cristo coloca a coroa sobre a cabeça de Maria, é como se celebrasse uma vez mais o "hierogamos", o matrimônio sagrado, do sol e da lua; esse era o momento supremo dos Mistérios das culturas pré-cristãs. Há, no entanto, uma diferença crucial, não é a mãe que reconhece seu filho como noivo, convertendo-se assim em sua noiva. Aqui, é ele que coroa à ela, não ela à ele.

No mosaico do século XIII da basílica de Santa Maria em Trastevere que aparece nas figuras abaixo (Fig. 4 e 5), Cristo está sentado ao lado de uma mulher que aparente ter a sua idade, ou até mais jovem.

Jesús y María en el trono (mosaico de la basílica de Santa María in Trastévere, Roma, siglo XII)

Seu braço se apóia em torno de seus ombros, em um gesto próprio do noivo que atrai para si a sua noiva. Nesse caso, ele é que protege ela, e ela senta-se tranqüilamente envolta em seu abraço, como em muitas imagens de marido e mulher através das eras. No entanto, o movimento que se aprecia na figura provem das mãos dela, ao elevar um pergaminho sobre o seu joelho, apontando para o rosto de Cristo por um arco, onde se vê perfeitamente uma cruz. Mitologicamente, se trata de uma reunião sob a Lua Cheia, quando o filho, nascido sob a Lua Crescente, sacrificado sob a Lua Minguante e perdido sob a Lua Nova, renasce como o amante que reclama àquela que lhe deu à luz como sua noiva. Maria e Cristo voltam a ser "um" nessa imagem, e se transcende a dualidade do masculino e do feminino, da vida e da morte.

Uma "nova" encarnação do mito da Deusa e seu filho parece manifestar quando está preparada a consciência humana para aprofundar em seu entendimento, buscando uma nova revelação do significado da vida. É como se o caráter numinoso das imagens desse à luz a um novo momento de consciência: isto ajuda a provocar uma transformação da imagem da deidade em uma cultura determinada, em uma época determinada. A nova revelação, que ajuda a que evoluem os valores da humanidade, emerge das profundezas da alma humana, cuja imagem mais antiga de si mesma é a da Deusa. a alma do mundo se renova incessantemente na humanidade, seu filho, uma nova manifestação de seu ser. A imagem do filho se entende como o princípio genérico inerente à vida vegetal, e como o rei cuja vida encarna a da tribo, e como herói cuja conquista do dragão das trevas liberava a luz da vida eterna. Agora, Jesus, o filho-amante mais recente da Deusa, se converte na voz da sabedoria atemporal da alma que fala à humanidade.

A morte e a ressurreição do filho da Deusa, e mais tarde do Deus, repetidos uma e outra vez, representam as muitas revelações que sempre teve lugar na evolução gradual da consciência humana. Parece que a humanidade necessita passar muitas vezes por uma desintegração cultural que marca a escura etapa de transição entre a morte do antigo sistema de crença e o nascimento de um novo.

É possível que uma alternância rítmica entre imagens arquetípicas femininas e masculinas (Deusas e Deuses) sejam necessárias para a evolução. A permanência fixa em qualquer dos modos poderia deter o processo do movimento. Nos Deuses se articulam as aspirações e a busca heróica. Porém, quando se completa essa criação, quando é finalizada a urgência e o esforço da busca, parece que surge um perigo inerente de cair no literalismo e no historicismo. Isso provoca a morte da vida que o antigo mito contem. Quando isso se produz, a antiga ordem deve dar espaço à uma nova expressão da visão poética a partir da qual nasce uma nova ordem. Podemos colocar o mito cristão também nesse contexto, a visão poética se converte na Mãe de uma Nova Consciência, o Filho. No relato cristão, como em todos os demais, a tradição mítica segue visível nas imagens atemporais que revestem a trama.
Texto pesquisado e desenvolvido por

ROSANE VOLPATTO
http://www.rosanevolpatto.trd.br/deusamaria.html



domingo, 5 de maio de 2013

O Caminho do Despertar - O Sagrado Feminino



Descubro á cada dia que este caminho implica em uma entrega total. Em amar sem razões, sem por quê. E isso eu compreendo e sinto, é assustador.
Isso significa baixar a guarda- a guarda que o mundo patriarcal levantou com força total- e então as pessoas aprenderam a amar com restrições, com desconfiança, com cobranças.

E o despertar da da Mãe em nós traz o oposto, traz entrega sem cobrança, traz amor incondicional e livre. E quer algo mais assustador do que dizer a alguém: você é totalmente livre! As pessoas estão acostumadas a serem presas, e falar em liberdade incomoda, desacomoda.
E o que vivemos até hoje foi a prisão imposta pelo excesso de rigidez masculina. A emoção foi suprimida, o feminino, o sentimento, foram colocados em último plano.
E precisamos buscar o equilíbrio da rigidez, com a misericórdia, da razão e da emoção.
A Deusa resurge em nós, mostrando-nos que somos dualidades que se complementam e que um sem o outro é desiquilíbrio.
O Amor é real, é o sustento de tudo, é o que há, o que está acima de todas as coisas, o que justifica nossa existência.
E por mais que muitos tentem negar, esse é o desejo primordial, todos sem excessão desejam no fundo de suas almas alguém à quem amar e ser amado.
Nós mulheres somos responsáveis pelo despertar desta energia novamente na Terra.
As que vierem conosco talvez sofram, sejam chamadas de tolas, loucas. Mas é o preço que se paga ao buscar a felicidade. E um dia a Força da Grande Mãe retornará totalmente à Terra, mas Ela precisa de pioneiras corajosas que sigam suas Palavras e ensinamentos, algumas pessoas precisam abrir o caminho.
Não tenhamos mais vergonha de nossa sensibilidade, de amar, de sermos mulheres, de mostrar e falar de nossas emoções.
Nós somos emoções, é isso que o mundo precisa neste momento, emoção, o despertar dos sentimentos.
Isso pode ser chocante em um primeiro momento, mas vamos aprendendo à medida que o tempo passa, e tocamos outros corações, que apesar parecerem muito duros, no fundo a semente do Amor que tudo transforma foi ali plantada e chegará a hora em que não poderá mais fugir de seu coração e terá de ouvi-lo.
 
19 de Maio de 2011.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

BENÇÃO À MULHER


Recitar a Benção à Mulher, invocando a Deusa Mãe todas as noites, é uma forma de você, mulher, iniciar o processo de cura de todos os seus males, principalmente a cura do respeito e do amor que deve ter por si mesma e da auto-imagem feminina.

Acenda uma vela e se coloque nua diante de um espelho. Molhe o dedo indicador com uma gota de óleo de rosas ou de jasmim, vinho tinto, água salgada ou água pura. Toque, um por vez, cada um dos seus chakras, dizendo em voz alta o seguinte:

Tocando o chakra da coroa (topo da cabeça), diga:
"Abençoa-me Mãe porque sou Tua Filha "

Tocando o chakra da terceira visão (entre a as sobrancelhas), diga:
"Abençoa a minha Visão, para que eu veja a Ti na minha vida."

Tocando chakra da garganta, diga:
"Abençoa minha voz, para que ela propague o Teu amor por todos''

Tocando o chakra do coração (entre os seios), diga:
"Abençoa meu coração, para que ele se abra e se encha de amor por todos."

Tocando o plexo solar (na altura das costelas inferiores), diga:
"Abençoa minha energia vital que vem de Ti."

Tocando o chakra da barriga (abaixo do umbigo), diga:
"Abençoa o meu útero e ovários, para que eu seja plena em amor."

Tocando o chakra base (genitais), diga:
"Abençoa os meus genitais, Portal da vida e da morte."

Tocando a sola dos pés, diga:
"Abençoa os meus pés, para que possam trilhar Teu caminho e o meu."

Tocando a palma de ambas as mãos, diga:
"Abençoa as minhas mãos, para que elas façam Teu trabalho , que é o meu trabalho neste mundo."

Tocando novamente o chakra da coroa, diga:
"Abençoa-me, Mãe porque sou Tua Filha e sou uma parte de Ti."

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A DIVINA ALQUIMIA

Deuses e Deusas:
Amai-vos no encanto nupcial do paraíso.
Felizes os seres que se amam verdadeiramente,pois somente o amor pode converter-nos em Deuses.

Samael Aun Weor

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O VERDADEIRO ELIXIR DA IMORTALIDADE

" O amor é a força magnética misteriosa e oculta que o alquimista necessita para fabricar a pedra filosofal e o elixir da longa vida,sem o qual a ressurreição se torna impossível."

" A energia criadora transforma-se em beleza,pensamentos,sentimentos,harmonia,
poesia,arte,sabedoria,etc.. A suprema transformação da energia criadora dá como resultado o despertar da consciência,a morte e a ressurreição do iniciado. O amor é a força maravilhosa que desperta os poderes místicos do homem."


Do livro:O Matrimônio Perfeito
de Samael Aun Weor

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O ATO SAGRADO

" Em vez do coito que chega ao orgasmo,deve o casal ser pródigo em doces carícias,frases amorosas e delicados manuseios,mantendo a mente afastada da sexualidade animal,mantendo a mais pura espiritualidade,como se ato fosse uma verdadeira cerimônia religiosa.No entanto, o homem pode e deve introduzir e manter o pênis no sexo feminino,para que sobrevenha a ambos uma sensação divina,cheia de gozo, que pode durar horas inteiras,retirando-o no momento em que se aproxima o espasmo, a fim de evitar a ejaculação do sêmen, desse modo o casal terá cada vez mais anseio de acariciar-se. Isso pode se repetir tantas vezes quantas se quiser,sem jamais sobrevir o cansaço,pois, ao contrário,é a chave mágica para ser diariamente rejuvenescido,mantendo o corpo são e prolongando a vida,uma vez que é uma fonte de saúde,com essa constante magnetização. Sabemos que no magnetismo comum,o magnetizador comunica fluidos ao sujeito,e, se o primeiro possui essas forças desenvolvidas,pode sarar o segundo.A transmissão do fluido magnético se faz normalmente pelas mãos ou pelos olhos,mas torna-se necessário dizer que não há condutor mais poderoso,que o membro viril e a vulva,como órgãos de recepção.Se muitas pessoas praticarem isso,ao seu redor espalhar-se-á força e êxito para todos os que se puserem em contato com eles.Porém,no ato de magnetização divina e sublime,ao qual nos referimos,o homem e a mulher magnetizam-se reciprocamente,sendo um para o outro como um instrumento musical,que,ao ser tocado,emite ou tira sons prodigiosos de misteriosas e doces harmonias. As cordas desse instrumento estão espalhadas por todo o corpo,sendo os lábios e os dedos os principais pulsadores dele,sob a condição de que nesse ato seja presidido pela mais absoluta pureza,a qual nos faz magos neste instante supremo."

Texto extraído de manuscrito Gnóstico.
Dr. Krumm heller
Mestre gnóstico Rosacruz


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

AS NOVE FACES DA LUA


A Lua é a representação do Sagrado Feminino.
Ela está diariamente presente no céu e em nossas vidas desde o início dos tempos de gerações por gerações.
Os nossos Antepassados viviam guiando-se pelas luas e mais não seria de esperar, Ela influencia a agricultura da Terra, as colheitas, as marés e os nossos próprios sentimentos e emoções e, ainda hoje, os nossos agricultores guiam-se por ela, para adquirir boas colheitas, semear em épocas propícias ou podar na altura certa.
A Lua está intimamente ligada ao ritmo da terra; a semente que brota no ventre da Terra-Mãe, a flor que nasce frágil, o fruto que cresce que amadurece e que seguidamente cai novamente na Terra-Mãe para dar continuidade ao ciclo que sempre se renova.
A Lua reflete-se no rosto de todas as mulheres, a criança, a jovem, a moça, a mulher, a mãe, a avó, a sábia, todas espelham os rostos da Deusa que simbolizam as próprias etapas da nossa vida, saber ouvi-La é saber ouvir-nos a nós próprios, conhece-La é conhecermo-nos a nós mesmos, nas suas fases vemos quem somos, o que fomos e o que viremos a ser. Conhecer, perceber, integrar e harmonizarmo-nos com as fases da Lua no seu Ciclo eterno, é um momento importante para qualquer pagão. Basta levar os olhos ao céu para sentir a sua luz envolver-nos e iluminar as nossas vidas. No entanto é preciso saber ouvi-la, senti-la em nosso ser e compreende-la; Só assim Ela nos revelará os seus segredos escondidos, aqueles que de nossos dias, já só a profunda natureza conhece. Para isso basta acompanhar a evolução da Lua e relaciona-la com o seu estado físico, com a natureza a sua volta, perceber as mudanças e as evoluções diárias que temos, isso permitirá experienciar por nós mesmos os seus efeitos e assim sincronizarmo-nos mais intimamente com Ela.
Cada fase da Lua tem o seu próprio significado, os seus próprios atributos e simbolismos únicos, um intimo conhecimento facilita a consciencialização e a conexão com a própria Deusa e permite-nos receber as Suas inúmeras bênçãos.
A Lua Nova:
A Lua Nova surge logo após a noite sem lua, quando apenas emerge um fino fio de luz prateado no céu. Nesta fase Ela representa o início da vida, da concepção, o início da jornada…
A Deusa mostra a sua face de Criança. Despertou para a vida, cheia de vontade de aprender, experienciar e absorve toda a aprendizagem do meio que a envolve. É aqui que Ela constrói os seus alicerces com toda a pureza e inocência de uma criança. Ela é energética e cheia de sonhos, muito próxima dos elementais, e com sede de conhecimento. Ela vai crescendo, descobrindo, aprendendo e se afirmando.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentir-nos revigorados, cheios de energia, com vontade de aprender e mais ligados com os elementais.
A Lua crescente:
A Lua crescente é quando a luz já se reflete em maior quantidade no céu, brilha mais luminosa mas ainda não atingiu a sua metade. Nesta fase Ela representa a vitalidade, o impulso para a ação e liderança…
A Deusa mostra a sua face Guerreira. Ela é a jovem adolescente, Começa a descobrir as mudanças no seu corpo e os valores dos mistérios femininos, pois encontra-se no limiar da feminilidade. Já detém os alicerces bem definidos, confiante nos valores que adquiriu e de seus ideais, ela está ciente que é detentora de um papel fundamental no mundo pelo qual Ela acredita poder lutar para o melhorar. Ela tem consciência das suas armas e de sua força. Ela é a que corre livremente pelos bosques selvagens para seu próprio prazer a defender os seus residentes e a limpar o desrespeito da humanidade para com a natureza sempre acompanhada de outras moças, mas desinteressada de romances.Corajosa tem em ela um sentimento de invencibilidade protegida pelo escudo forjado na sua Confiança.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentir-nos lutadores e confiantes, mais ligados a natureza e aos passeios ao ar livre. Sentimo-nos abertos prontos para a ação.
O Quarto Crescente:
O Quarto crescente é o momento em que a lua esta meio iluminada e meio na penumbra.
Nesta fase Ela representa a sensualidade, a beleza, o amor, a paz, a paixão. Ela é a força da atração e da ligação…
A Deusa mostra a sua face de Amante. Depois de ter descoberto e percebido os mistérios feminino e de seu corpo ter ganho as suas formas de jovem mulher, Ela desperta para a sua beleza, para as sensações e emoções e torna-se na sensual apaixonada. Libertou-se de qualquer pudor, lavada de quaisquer pecados, descobre os prazeres da mais antiga dança do mundo e assume a sua sexualidade e a sua sensualidade. Sente-se em harmonia com ela própria e para com os outros que a rodeiam. Esta fase não é apenas de amor carnal, é também o amor para com a humanidade, para com as Divindades, o amor no seu estado mais sublime de pureza, o amor espiritual.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentir-nos apaixonados, mais sensuais, mais atento ás sensações que nos envolvem. Sentimo-nos em harmonia para com os outros.
A Lua Gibosa:
A lua Gibosa situa-se entre o Quarto Crescente e a lua cheia. A sua forma Côncava assemelha-se a imagem de um ovo.
Nesta fase Ela representa os mistérios ocultos, a busca da jornada Espiritual, a iniciada nos mistérios da Lua…
A Deusa mostra a sua face de Sacerdotisa, no meio da sua viajem espiritual. Tornou-se numa mulher com conhecimentos mais firmados. Totalmente imersa no domínio subjetivo da percepção psíquica, descobriu que tudo o que É tem mais que uma face sagrada escondida. Ela é uma iniciada nos mistérios da Lua e nos mistérios femininos pelos quais se apaixonou. Entrega-se a busca de seu Eu profundo e aos dons da vida. Ela é a fonte da verdadeira sabedoria feminina, um canal de comunicação entre os mundos.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentirmo-nos mais consciente dos mistérios da vida, mais despertos ao chamado da deusa, mais atentos a nossa jornada e aos mundos não perceptíveis pelos olhos de quem não quer ver.
A Lua Cheia:
A Lua cheia é apenas Luz brilhante e resplandecente, é quando a Lua se encontra perfeitamente definida no céu.
Nesta fase Ela representa a fertilidade, a maternidade, a vida, a criação, a esperança…
A Deusa mostra a sua face de Mãe. Luminosa e optimista, espalha a esperança pelo mundo inteiro, em cada palpitar de coração. Ela é a criadora, a bondosa dadora da vida, bela e resplandecente irradia alegria e serenidade. Experienciou a maior dádiva de ser Mulher o poder de dar a vida. Transportou no seu ventre o fruto do amor e torna-se na mãe presente, aquela que cuida, que guarda, protege e alimenta a sua mais bela criação com seu interminável amor incondicional. Ela aprende a pensar primeiro em outrem, no seu filho e só depois pensa em ela, aprende a necessidade da partilha consciencializa-se no quanto ela é necessária para a sobrevivência de seu fruto. Ela representa em seu todo o papel da Mulher-Mãe, da Terra-Mãe que dá seus frutos. Ela é a poderosa que tanto pode dar a vida como termina-la se ela assim entender. O Seu corpo apenas pertence a ela e apenas ela detém o seu controle.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentirmo-nos mais optimistas, cheios de luz de esperança e amor incondicional, mas também defensores temíveis pelas causas e pessoas amadas.
A Lua Minguante:
A lua minguante é quando a escuridão começa a ganhar terreno sobre a luz.
Nesta fase Ela representa as provações da vida, as lições diárias, a dura aprendizagem que a vida nos dá…
A Deusa mostra a sua face de Iniciadora. Com a sua própria vivência aprendeu que em todas as áreas da vida há lições a tirar. Sabe que é preciso que seus filhos caíam para assim tirarem as suas próprias lições. Ela sabe que em todos os nossos actos diários quer sejam alegrias, bênçãos, aflições ou perdas, tem sua razão de acontecer. Nada acontece apenas por acontecer. Todos os momentos são de aprendizado para a evolução do nosso Eu espiritual. Ela descobriu que provações e ganhos estão entrelaçados, completando-se um ao outro, de forma a doar as suas cores e sabores á existência de cada ser. Aprendeu que toda Ação tem sua Reação e que tudo o que plantamos, é colhido no seu devido tempo.
Ela fornece a possibilidade da iniciação nos mistérios, mas exige uma profunda transformação, que implica em um verdadeiro renascimento.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a tirar partido das provações da vida, aprendemos a descobrir e aceitar os nossos erros e acima de tudo a aprender com eles. Temos tendência a ser bastante exigentes para conosco e para com os outros.
O Quarto Minguante:
O Quarto Minguante é uma fase de enfraquecimento da lua, metade na escuridão que viaja na luz e na vida.
Nesta fase Ela representa a sinceridade, a cura, a maturidade, a abertura de caminhos…
A Deusa mostra a sua face de Curandeira. Já bem madura sente-se mais estável, ainda não é altura para descanso, mas os filhos já crescidos relembram-lhe a beleza da criação e já vislumbra a chegada de netos, de novas vidas e esperança. Já passou a sua juventude fértil e ainda é nova para ser velhinha. Ela é a calma que se aproxima.
Já viu nascimentos, já conheceu a beleza, já conviveu com a morte, com as perdas e as decepções, mentiras e traições.
Com a própria vivência aprendeu a curar as feridas do corpo do espírito e da alma e as feridas dos outros no caminho que é apenas seu. Reconhece os valores da existência, baseados na verdade, na honestidade, na verdade e na sinceridade.
Ela abre-nos os caminhos.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a estar mais calmos, a ajudar através da palavra, a acalmar e a trazer esperança e conforto para com os outros. É o momento que nos concentramos sobre o que colhemos e as dádivas que temos tido.
A Lua Balsâmica:
A Lua Balsâmica é a fase que segue ao Quarto Minguante, mais ou menos três dias antes da Lua Negra.
Nesta fase Ela representa a sabedoria, a introspecção, os mistérios da morte, a bondade, a magia, a harmonia, a paciência…
A Deusa mostra a sua face de Sábia, a anciã, a avozinha carinhosa, sempre com amor e conhecimento para partilhar. O Seu Corpo amadureceu, o seu cabelo iluminou-se de prateado e o seu rosto traz nele as marcas encantadoras que a aprendizagem da vida lhe deixou. Agora ela olha para dentro de si, numa introspecção profunda, pois ela alcançou o limiar do maior de todos os mistérios, o mistério da morte. A sábia conhece as verdades difíceis de se ouvir que aprendeu com as piores provações da vida. Conhece a responsabilidade, as acções e as Intenções. Detém o Poder da magia e sabe como utiliza-lo para o bem e para o mal, pois conhece os segredos mais antigos que partilha com o seu próximo. Define-se pelas suas escolhas e suas ações, e controla as suas alegrias ou as suas tristezas com o poder da metamorfose. Ela é a paciente que sabe ouvir.
Tal como a Deusa, nesta fase da lua tendemos a sentirmo-nos mais reservados, mais pacientes, com tendências para o recolhimento e á introspecção.
A Lua Negra:
A Lua Negra é quando não há luz visível na Lua, ela encontra-se negra, profundamente negra.
Ela representa a face mais obscura da Deusa, a morte, a transformação, detentora de todos os mistérios…
A Deusa mostra a sua face de Fiandeira. Esta é a fase que deu origem a imagem da bruxa malévola, assustadora, temível em muitas lendas. Pois ela é a que detém o poder de criar, cortar e remendar as vidas, se essa for a sua vontade. Ela é a que vem buscar os seus filhos na hora que ela lhes predestinou. Agora conhece todos os segredos e mistérios. Tudo o que a Criança, a Guerreira, a Amante e a Sacerdotisa sabem ela aprendeu. Ela provou o poder da concepção e do amor incondicional ao ser Mãe. Como Iniciadora de seus próprios filhos, aprendeu que a vida é a melhor escola de Aprendizagem constante. Vivenciou o poder da Curandeira ajudando os próximos e desempenhou o poder da Sábia anciã. Conselheira paciente e então descobriu os mistérios da morte. Agora juntou todos esses conhecimentos e experiências e transformou-as numa espiral mágica circular detentora de todos os mistérios. Na sua complexidade e na sua simplicidade, Ela é a morte no coração da vida, a escuridão do anoitecer, a noite antes do amanhecer, Ela é o Tudo.
Esta é a face mais complexa da deusa o Inicio e o Fim, e nesta época geralmente é quando vamos ao mais profundo de nosso ser é quando na maior escuridão surge a luz da esperança do recomeço do ciclo eterno.
E o círculo completa-se e continua a sua dança interminável…
A salientar:
Por vezes surge a dificuldade em saber distinguir a Lua Crescente da Lua Decrescente, isto deve-se ao fato de que o aspecto da lua varia quando observada em hemisférios opostos.
No hemisfério Norte quando a Lua está Crescente é a parte direita que está iluminada.
Quando a Lua está Decrescente é o lado esquerdo que está iluminado.
No Hemisfério Sul é o inverso.
"O Caminho da Deusa está dentro de ti…
É aí que ela vive, mesmo quando te esqueces de a procurar.
Procura dentro de ti, e sempre a encontrarás."
MM