A consciência de
Gaia é um movimento para a cura do planeta que se manifesta de várias formas,
visando aumentas a responsabilidade humana pela preservação da Terra, cada vez
mais ameaçada pela poluição e degradação ambientais, bem como pela cobiça, a
exploração desenfreada e a violência. Ele surgiu aos poucos, de iniciativas
individuais e grupais, depois que as fotografias da Terra vistas do espaço –
aparecendo como um lindo globo azul, cercado de nuvens, de extrema beleza e
vulnerabilidade – tocaram o coração de muitas pessoas.
Em 1971, os
cientistas James Lovelock e Lyn Margulis criaram a hipótese Gaia, que considera
a Terra como uma estrutura complexa e viva, autorregulável, e que a
interdependência de todas as formas de vida, junto com o solo, com os oceanos e
a atmosfera, formam um único sistema vivo. A hipótese Gaia reconhece o planeta
Terra como uma entidade inteligente do Universo e a nossa íntima relação com
toda a criação por meio de uma energia sutil que liga todos os seres vivos. Reavivando
o antigo conceito da “teia cósmica” e usando o nome da Mãe Terra grega – Gaia –
como metáfora da teoria, a validação científica de uma verdade milenar
catalisou a formação de uma nova mentalidade e de movimentos chamados “gaianismo”.
A Consciência de Gaia é a solução necessária e adequada para contrabalançar os
conceitos mecanicistas atuais, que dicotomizam o homem e a Natureza, a razão e
a emoção, a matéria e o espírito e que destruíram a antiga reverência e o
respeito do homem pelas energias naturais, antes vistas como a personificação
da Fonte Divina.
Outra manifestação
e consequência desse despertar foi a
criação do ecofeminismo, que combina filosofia feminista com consciência
ecológica, oferecendo uma perspectiva global ecocêntrica. O ecofeminismo é
baseado na crença da unidade e interdependência de todas as formas de vida e
busca formas mais humanistas, pacíficas e benéficas para a remodelação das
estruturas políticas, sociais e individuais. Ele visa à integração de todos os
níveis energéticos (tanto racional e material quanto psíquico e emocional) e a
aceitação do divino como força vital imanente do mundo natural.
Movimentos como
o Gaianismo, a Consciência de Gaia e o Greenpeace, organizações para a
preservação dos ecossistemas, a proposta de “O Milionésimo Círculo”, a
organização Gather the Womem, as conferências e encontros internacionais de mulheres
e fundações como a Women’s World Summit Foundation são exemplos de como a Deusa
– Mãe e Mestra – nos convoca e pede nossa ajuda. Ainda existem outros
incentivos, como as marchas das mulheres, as ligas, os grupos e as listas da
internet, que convidam mulheres do mundo inteiro para projetos, publicações e
eventos que beneficiem e fortaleçam as mulheres nas suas aspirações,
necessidades e objetivos.
A escritora e
terapeuta Jean Shinoda Bolen expressou de forma tocante e precisa essa nova
realidade global no título do seu mais recente livro, Urgent Message From Mother. Gather the Women , Save the World [Mensagem
Urgente da Mãe, Reúnam as Mulheres, Salvem o Mundo] .
O retorno à
Deusa é o prenúncio do surgimento de uma nova consciência que vê a humanidade
como parte do Todo, da Natureza e do cosmos, e aceita a sacralidade da vida e a
imanência do divino. O mistério da Deusa é o mistério do nosso próprio ser, a
força vital dinâmica, a dança da vida e dos ciclos naturais, a canção eterna da
criação, destruição e regeneração. A Terra é viva, é a própria Deusa, que
sustenta e nutre todos os seres e os abriga no seu corpo. Ao trilharmos o
caminho da Deusa, iremos relembrar que não há separação, apenas unidade; a
matéria é permeada pelo espírito e todos nós somos responsáveis por tudo o que
é vivo.
A escritora
Elinor Gadon, em seu livro The Once and Future Goddess define a Deusa como: “a
guardiã da fonte interior, da conexão e orientação espiritual, a divindade
existente em todos nós, manifestada como a nossa consciência autêntica, o
centro transpessoal chamado Eu Divino”.
A Deusa é o
símbolo da cura necessária para a nossa sobrevivência; da pacificação entre
homens e mulheres, povos e nações; expansão da consciência que irá garantir a
renovação social, política, cultural e espiritual da humanidade. Sem precisar
voltar as estruturas e comportamentos pré-históricos, podemos usufruir a
sabedoria antiga, dos cultos e rituais que honravam e celebravam a vida, a
Terra, a sacralidade feminina. Precisamos apenas abrir nossa mente e coração
para fazer bom uso das riquezas naturais e agradecer por tudo o que a vida e a
Deusa nos oferecem para a nossa existência.